Impressões...

Ao falar sobre impressões quero estar longe da máxima que diz que a “impressão é a primeira que fica”. Para mim, esta lógica reflete tão somente a inclinação cruel que a nossa natureza humana tem em fazer reducionismos e imprimir rótulos sobre outras pessoas, lugares e situações.
Ela mascara um sentimento pequeno alojado em nossa alma, o preconceito (pré-conceito).

O preconceito tem a capacidade de nos privar da aventura da descoberta, de experimentar, conhecer, sentir e somente depois concluir. O preconceito elimina etapas, conclui e reduz tudo e qualquer um em um instante eterno.
Sentimento que herdamos de pessoas que fizeram “impressões” (in-pressões) em nosso lugar. Volta e meia este sentimento me alcança, pois não me engano sobre a minha própria natureza. Vou vivendo e lutando contra a tentação de inserir à minha “herança” novas rotulações.
Precisamos fazer impressões. E fazê-las não significa pensar, agir ou realizar as mesmas coisas e/ou do mesmo jeito que pessoas diferentes de nós pensam e agem. Entendo fazer impressões como "colocar-se no..." local, no sentir, no espaço do outro. Fazer impressões é permitir-se olhar com a ótica do outro.

A rota do preconceito é um salto do começo (o que vimos) para o fim (o que sentimos).
Entre um ponto e outro se encontra o campo inexplorado das impressões. Verdadeiro “latifúndio” na alma que impede que sejamos mais férteis, mais generosos, mais questionados. E assim, nos tornamos menos conhecedores, mais ignorantes sobre a vida, sobre as pessoas, sobre o local onde vivemos e existimos e até sobre Deus e sua graça.

As primeiras coisas que vimos e sentimos nunca permanecem as mesmas quando nos aproximamos delas. Percepções aparentemente “boas” podem se tornar conclusões ruins e vice versa. Por isso considero o valor da aproximação. Ela nos permite rever o olhar e concluir de modo diferente.

Ao olhar alguém, ao sentir algo, ao ler um livro ou quando estiver em algum lugar, faça impressões. Elas não o impedirão de chegar às suas próprias conclusões. Contudo não conclua nada antes de ouvir, de sentir, de se aproximar, de descobrir o que você enxerga encoberto (en-coberto). Se impressione com a vida, converse com as pessoas, sinta cheiros, novos sabores. Passeie nos lugares que você ainda não foi, vá a um mercado público, à uma feira e não apenas a um shopping (tenho conclusões sobre este ambiente).

Permita que outras pessoas, outros lugares e situações façam incursões na sua alma, olhe nos olhos de alguém eles são "as janelas da alma". Faça descobertas, aproxime-se, lute contra a sua natureza e depois conclua, você tem esse direito. Só não esqueça de amar, de respeitar, de procurar entender, de ser tolerante. Porque chegar a uma conclusão não significa que você chegou ao fim de tudo em detrimento de todos e de todas as coisas. Você chegou apenas à sua própria conclusão. Ela não é a melhor e nem a única. Existem várias outras.

Viveríamos melhor com nós mesmos, com as pessoas que convivemos e com o lugar aonde habitamos se nos impressioná-se-mos mais.
Pelo menos esta é a impressão que eu tenho.
Daniel Barros.