Sarrabulho


Definitivamente a vida é dura! Por mais que creiamos na bondade e no amor incondicional de Deus por nós, por mais que sintamos momentos de intensa alegria e realização, parece que as coisas concorrem para o dissabor. Então, algum dia podemos sentir bater forte os solavancos da vida que nos desestabilizam as emoções, a alma, os pensamentos, o organismo, enfim, um sarrabulho de tristeza, incompreensão, intranquilidade, chateação, parece nos apanhar de surpresa arrastando tudo e nos levando até à praia.

Não sei se você já experimentou a pancada de uma onda forte fazendo de você o que bem quer, e depois ser jogado como um bêbado na areia. A sensação de “coisa ruim” talvez traduza ou trace um paralelo com a vida real quando as imprevisões e dissabores nos sobrepõem. Sabemos que iremos enfrentar algumas barras ao longo da nossa vida. O que não sabemos é como esperá-las e/ou como administrar as tensões que elas nos causam ou nos causarão.

As tensões e sensações que os sarrabulhos da existência nos causam são cruéis, porque elas nos fazem agir não pelo o que sabemos ou cremos, e sim pelo o que sentimos. Quando a gente pensa que vai agir com tranqüilidade, o desespero e o medo nos tomam; Quando achamos que vamos agir com naturalidade, nos descompassamos e o problema parece estampar o nosso rosto; Quando pensamos que as coisas iriam engrenar, tudo pára, e ficamos meio que à beira do caminho; Quando pensamos que tudo irá dar certo, dá errado, e o despertador da realidade toca nos acordando pra vida fazendo-nos perceber que a realidade é bem diferente daquilo que muitas vezes idealizamos.

Se ao ler este texto alguma onda forte te apanhou e o sarrabulho misturou as coisas por dentro, a fé foi parar nos pés, os olhos quase não abrem de tanta 'areia' e 'sal', o coração acelerou por conta do susto e da tensão; a cabeça chacoalhada dando aquela sensação de perdido... Que sarrabulho hein? Agora é administrar as tensões... Como?

Vai encontrando abrigo e tranquilidade na companhia de amigos de perto e de longe, em boas leituras, faça orações ou simplesmente escreva, porque nestas coisas a nossa espiritualidade também pode se expandir e aprofundar-se. Isso é como tentar sair da beira da praia, respirar um pouco e esperar a maré baixar. Se você nunca experimentou um sarrabulho, garanto que cansa muito. E, em pouco tempo de rebuliço, parece deixar a gente todo quebrado. Quando pequeno minha mãe já dizia: “Menino tome cuidado com o mar! Com ele não se brinca”. Ela tinha razão... No mar da vida as coisas não são fáceis.

Ainda na areia, a gente vai expelindo a água salgada pelo nariz, vai tossindo espremido tentando colocar pra fora toda a agonia e cansaço angustiado. Não há muito que fazer, depois de um "bom" sarrabulho, o jeito é esperar passar o tempo, recuperar as idéias aos poucos, e se re-fazer do solavanco. Voltar para casa’ (recuperar sua autonomia emocional, espiritual, seja o que for ), tomar um bom banho de água doce e continuar vivendo.