Dicas Experimentais para 2009

Mais um ano se encerra e em meio aos fogos de artifício e as luzes do natal que ainda resistem, em muitos corações a artificialidade do sorriso parece esconder um ar de tristeza revelada no olhar por conta das perdas, frustrações e decepções acumuladas no ano de 2008.

A festa esperada em todos os lugares do mundo parece dar a sensação de que um novo tempo estará começando do zero, da zero hora e que tudo o que aconteceu desapareceu. Psicologicamente esta disposição pode gerar alívio e até catarse, mas a grande realidade é que o tempo não pára, o tempo continua e a vida vai seguindo o seu curso, o seu compasso e desdobramentos. Mas além da cronologia, penso que a grande questão é como continuaremos a nossa caminhada nesse novo espaço de tempo que nos permitimos viver?

Pensando nisto e desejando felizes dias para frente, que resolvi escrever algumas dicas importantes para mim e que gostaria de compartilhá-las com vocês que me lêem. Não se trata de receita de auto-ajuda e nem ‘conselhos’ como os dos “visionários” de plantão para um bom começo de ano como vemos nos programas de televisão. São apenas dicas pessoais que poderão ser assimiladas por você ou não neste último texto de 2008. São experiências e objetivos que conquistei e /ou persigo na tentativa de cada dia que eu viva seja rico de significados.


1ª - EVITE O PERFECCIONISMO PARANÓICO
A cobrança excessiva sobre si mesmo traz conseqüências terríveis à nossa alma. A idéia fixa que alguns alimentam de serem perfeitos tem levado muitos à paranóia. Gente que acha que não pode errar ou não admite o erro. Toda idéia perfeccionista é fruto de uma concepção de vida regada de expectativas idealísticas. As expectativas ideais denunciam a falta de habilidade de conviver com o real. Na vida real existem dores, dissabores, alegrias e tristezas, temores, encontros e desencontros, erros e acertos em busca de uma melhoria. Não tem como a vida ser diferente. Continue aprendendo com os seus próprios erros e não se cobre tanto.

2ª - SEJA PACIENTE
Vivemos num tempo das coisas apressadas: Fast-Food para não termos que esperar tanto; Controle remoto para mudar os canais desesperadamente; Dos aceleradores de maturação e crescimento de animais e vegetais para atender as demandas de comércio. Transferimos toda esta bagagem para a vida e no mundo das coisas apressadas agonizamos com a idéia de processo/espera. Todo processo tem seu tempo, e cada processo requer uma espera. Desaprendemos a esperar. E isto tem nos levado a tomar decisões precipitadas e viver situações sem significado. Compelidos pelo saciar do desejo agora, perdemos de desfrutar a plenitude que está mais adiante. Eu ainda preciso ser muito paciente em muitas coisas.

3ª - NÃO DESISTA APESAR DAS DIFICULDADES
Somos mais tendentes a nos apegarmos às coisas negativas que às positivas. Estão mais facilmente acessíveis em nossa memória os fatos ruins que os bons. As dificuldades são inegáveis, mas permanecer preso a elas não é uma boa escolha. Desenvolva uma atitude positiva sobre o que passou e ressignifique o seu agora, olhando para frente com esperança e coragem. Alguns abandonam seus sonhos e projetos porque se focam nas dificuldades. Talvez o caminho da sua realização pessoal não seja uma reta, como foi para outros, mas uma curva. Irá demorar mais tempo para chegar entre um ponto e outro, o seu objetivo ou sonho, mas você irá chegar. Chegue então com dignidade.

4ª - SEJA AUTÊNTICO
Penso que a compreensão mais clara de autenticidade seja a delimitação do seu espaço pessoal. Quando você é o que é realmente sem disfarce algum, não somente as pessoas te percebem melhor, mas começam a entender e respeitar quem você é. Quando somos autênticos imprimimos a nossa “marca” nas pessoas e no mundo. Toda autenticidade é aliada com a compreensão mais aprofundada de si mesmo, com a autocoerência, com a ação justificada. Ou seja, eu estou fazendo isto por conta disto. Contudo, uma das coisas mais relevantes desta atitude pessoal é a verdade. Verdade consigo, com os outros e com Deus. Ser autêntico é não ter medo de frustrar ninguém, mas é a coragem de ser simplesmente o que você é.

5ª - APRENDA A SER RESILIENTE
A capacidade de suporta grandes impactos e continuar firme, resistente é o que significa, grosso modo, ser resiliente. Digo grosso modo, porque cada um sente de um jeito diferente. O que dói em mim, não dói do mesmo jeito em outra pessoa. Neste sentido não podemos classificar dor, porque só sabe o que é dor quem a sente. Contudo a resiliência é a capacidade de no fundo do poço, podermos recuperar as forças e nos reerguermos para a vida. Os processos de sofrimento têm começo e fim, e acho até que eles precisam ser vivenciados e experimentados assim como os dias de paz e alegria, porque não há melhor professor que a dor e o sofrimento. Mas a vida continua... E como diz o velho samba: “... levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”. Uma das grandes maravilhas de estarmos vivos é esta capacidade de nos refazermos das situações que nos afligem.

Felizes dias, meses e anos para você!
Deus seja contigo...

Janelas da Alma

São os Evangelhos que melhor definem ou indicam como perceber a alma humana. Isto que parece ser tão abstrato e difícil de significação é revelado e toma "forma" nas palavras de Jesus quando diz que a alma pode ser percebida, nua e sem disfarces, através dos olhos, pois os “olhos são as janelas da alma”.

Quando olhamos alguém, de forma impressionante podemos perceber um ‘mundo’ de emoções,situações e intenções. Não é sem sentido que aqueles que sentem vergonha, que falam dissimuladamente, tendem a esconder ou desviar os seus olhos do olhar do outro.

São os olhos que expõem os sentimentos mais secretos...
O ódio, a dúvida, a preocupação, a angústia, a satisfação e a tristeza;
São os olhos que revelam as intenções...
A malícia, a traição, a surpresa, o cuidado, a empatia e a antipatia;
São os olhos que “falam” tudo quando impera o silêncio...
O medo, a mágoa, o grito sufocado, a ansiedade.

São os olhos que despertam e autorizam o romance e a paixão...
Que sinalizam a hora da aproximação, que abrem caminhos para a intimidade, porque basta olhar pra saber o que o outro quer, e até o que o outro está pensando.

São os olhos que permitem enxergar o coração...
Eles fazem transparecer o bem e o mal...
Se a tua alma for trevas, escuridão, será percebida.
Se a tua alma reluzir bondade e paz, será percebida também.
Porque assim como é a nossa alma, os nossos olhos revelarão.

Sarrabulho


Definitivamente a vida é dura! Por mais que creiamos na bondade e no amor incondicional de Deus por nós, por mais que sintamos momentos de intensa alegria e realização, parece que as coisas concorrem para o dissabor. Então, algum dia podemos sentir bater forte os solavancos da vida que nos desestabilizam as emoções, a alma, os pensamentos, o organismo, enfim, um sarrabulho de tristeza, incompreensão, intranquilidade, chateação, parece nos apanhar de surpresa arrastando tudo e nos levando até à praia.

Não sei se você já experimentou a pancada de uma onda forte fazendo de você o que bem quer, e depois ser jogado como um bêbado na areia. A sensação de “coisa ruim” talvez traduza ou trace um paralelo com a vida real quando as imprevisões e dissabores nos sobrepõem. Sabemos que iremos enfrentar algumas barras ao longo da nossa vida. O que não sabemos é como esperá-las e/ou como administrar as tensões que elas nos causam ou nos causarão.

As tensões e sensações que os sarrabulhos da existência nos causam são cruéis, porque elas nos fazem agir não pelo o que sabemos ou cremos, e sim pelo o que sentimos. Quando a gente pensa que vai agir com tranqüilidade, o desespero e o medo nos tomam; Quando achamos que vamos agir com naturalidade, nos descompassamos e o problema parece estampar o nosso rosto; Quando pensamos que as coisas iriam engrenar, tudo pára, e ficamos meio que à beira do caminho; Quando pensamos que tudo irá dar certo, dá errado, e o despertador da realidade toca nos acordando pra vida fazendo-nos perceber que a realidade é bem diferente daquilo que muitas vezes idealizamos.

Se ao ler este texto alguma onda forte te apanhou e o sarrabulho misturou as coisas por dentro, a fé foi parar nos pés, os olhos quase não abrem de tanta 'areia' e 'sal', o coração acelerou por conta do susto e da tensão; a cabeça chacoalhada dando aquela sensação de perdido... Que sarrabulho hein? Agora é administrar as tensões... Como?

Vai encontrando abrigo e tranquilidade na companhia de amigos de perto e de longe, em boas leituras, faça orações ou simplesmente escreva, porque nestas coisas a nossa espiritualidade também pode se expandir e aprofundar-se. Isso é como tentar sair da beira da praia, respirar um pouco e esperar a maré baixar. Se você nunca experimentou um sarrabulho, garanto que cansa muito. E, em pouco tempo de rebuliço, parece deixar a gente todo quebrado. Quando pequeno minha mãe já dizia: “Menino tome cuidado com o mar! Com ele não se brinca”. Ela tinha razão... No mar da vida as coisas não são fáceis.

Ainda na areia, a gente vai expelindo a água salgada pelo nariz, vai tossindo espremido tentando colocar pra fora toda a agonia e cansaço angustiado. Não há muito que fazer, depois de um "bom" sarrabulho, o jeito é esperar passar o tempo, recuperar as idéias aos poucos, e se re-fazer do solavanco. Voltar para casa’ (recuperar sua autonomia emocional, espiritual, seja o que for ), tomar um bom banho de água doce e continuar vivendo.

Alma Nua


Resolvi voltar a escrever...
Depois de algumas interrogações, pedidos e até "ordens" de amigos queridos, o que me deixou bastante orgulhoso claro; Mas, a decisão de voltar a escrever foi a mais solitária possível ao perceber que estava repleto de coisas não ditas, sufocadas e, escrever sempre foi um meio de "despir-me", desnudar a minha alma para mim mesmo. Quando escrevo consigo me enxergar de maneira mais clara, é como terapia onde o falar faz a gente se escutar e a medida que nos escutamos, nos entendemos, nos encontramos, e damos mais um passo para a liberdade, para a autonomia pessoal. Escrever para mim é realmente terapêutico. Que prazer sinto neste momento!


Escrever também tem a ver com o meu momento existencial e se deixei de escrever aqui foi porque o tal momento era para ser apenas sentido e não escrito. Quero escrever sempre por prazer, com o coração e alma e não por obrigação. Por isso a decisão de voltar a escrever veio acompanhada da mudança do nome deste blog para "Alma Nua". As minhas experiências e reflexões cada vez mais, me levam a querer falar com a 'alma' o que se traduz para mim: falar com clareza e verdade sobre as coisas que penso e sinto, com hosnestidade e, se por um acaso alguém vier a ler o que escrevi, que se sinta identificado, alma com alma.


Mas voltar a escrever tem a ver com a minha espiritualidade também. Acredito que as pessoas se sentem ligadas a Deus de várias formas. Umas pelo ativismo, outras pelo serviço ao próximo, pela vida dedicada à oração e outros pela reflexão. É assim que me sinto ligado a Deus. Escrever me faz pensar e reavaliar a minha caminhada pessoal/espiritual, minha identificação com Jesus e meu lugar no mundo; a maneira como tenho refletido o amor de Cristo às pessoas que direta ou indiretamente se relacionam comigo. Refletindo e escrevendo, me possibilita agir de modo mais coerente, com mais autenticidade; Porque Deus conheçe a minha alma, sabe quem eu sou lá por dentro, não tenho como dissimular! A minha alma tem sede de Deus...


Voltei a escrever...
E toda a vontade contida foi catalisada, ontem já nas últimas horas da noite, quando Deus falou comigo através da Betânia, uma amiga muito cara e admirável que me disse: "Volte a escrever Daniel. Eu nem sei porque estou te dizendo isto". Talvez ela não soubesse, mas naquele momento um novo caminho estava sendo aberto para que a minha espiritualidade e intimidade com Deus fosse reconectada.

Aos 33 anos de idade...

No dia 09 de março completei 33 anos de idade. Chegar à idade com que Cristo morreu entregando-se por amor, negando a si mesmo, é de fato, um momento cheio de simbolismos e significados para mim. Chegar a esta marca, me deixou mais pensativo e me lancei a fazer reflexões mais profundas e honestas sem as máscaras da religiosidade sobre a minha vida e discipulado, sobre a minha fé e obediência, e sobre as minhas escolhas.

Talvez algumas declarações aqui soem estranhas ou causem algum tipo de espanto a alguns por saberem que eu sou pastor. Não me sinto mal por isto, a autenticidade tem seu preço e há muito resolvi não viver um personagem de mim mesmo atendendo expectativas de terceiros, mas somente daquele que é o Primeiro. Chegar aos 33 anos ratifica a idéia que não sou e nem pretendo ser “referencial” ou “modelo” perfeito de vida e ministério para ninguém. Não encaro a minha vida nem o ministério como carreirismo religioso e sim como descoberta e aprendizado.

Chego aos 33 anos de idade mais convencido do que nunca, da minha humanidade e conseqüentemente, da minha necessidade e dependência extrema de Deus. Sou homem antes de ser pastor. E como homem comum sei dos meus acertos e pecados; Na memória as vitórias e os fracassos; Sei da minha força e fraquezas... Chego aos 33 anos sabendo um pouco mais sobre mim mesmo.

Neste tempo da minha vida tenho consciência profunda da minha vocação pastoral e psicológica. Estou mais certo que preciso estar entre as pessoas, servi-las, compreendê-las e ser solidário. Contudo, os anos me forjaram a consciência para saber que estar e me envolver com as pessoas me sujeita passiva e ativamente a todos os contrastes, imprevisões e mutações que envolvem o “jogo” das relações humanas.

Até chegar aos meus 33 anos já sorri e chorei; Amei e fui amado assim como odiei e fui odiado; Feri e fui ferido assim como decepcionei e fui decepcionado; Ajudei, mas, fui mais ajudado; Magoei alguns e fui magoado por outros; Perdoei e fui perdoado. Acho que ainda preciso pedir perdão e perdoar a alguns, mas não sei como e quando isto acontecerá.
Existem algumas situações que não adianta remexer...

Chego aos 33 anos de idade sabendo mais sobre o que não quero, do que sobre as coisas que eu quero. O que “eu quero” está refém do futuro e sujeito a situações que não poderei controlar. Das coisas que experimentei, posso falar o que foi bom e o que foi ruim. E apesar dos pesares, as experiências ruins não me tiraram a capacidade de sonhar, desejar e acreditar principalmente no amor mesmo colecionando algumas frustrações.

Nos meus 33 anos como homem não quero ser um religioso, mas, um discípulo; Não quero servir à Instituição Igreja, mas ao Reino de Deus e às pessoas sem perder a minha identidade cultural, teológica e a liberdade de ser e pensar, minha identidade pessoal. Ainda quero casar, mas não quero uma mulher que viva à sombra do que eu sou.
Não quero ser ingrato com minha família e amigos; Quero ser grato a Deus, pois até aqui cuidou de mim dando-me Nova Vida, novas chances e renovou Sua graça.

Aos 33 anos, meu desejo como pastor é continuar a ser gente.

Observando, Lendo e Orando.

Semana passada após deixar meu pai no médico, logo cedo pela manhã, caminhei à procura de um lugar tranqüilo no centro da cidade aonde pudesse continuar a leitura de um livro que me dispus a passar suas páginas sem pressa, pois aprendi tempos atrás com o Rubem Alves, que os ‘livros devem ser ‘ruminados’; Lidos e digeridos, assim como uma vaca faz ao engolir uma manga.

Ao passar em frente à Igreja do Santíssimo Sacramento, no cruzamento das ruas Manoel Borba com a do Hospício, achei que ali encontraria tempo e ambiente para ler até o momento de reencontrar meu pai.

Logo que entrei procurei por um lugar reservado nas últimas fileiras. Num rápido olhar sobre o local, percebi algumas pessoas sentadas e outras ajoelhadas em devoção. A Igreja era imensa e poucas pessoas estavam ali àquela hora da manhã. Um silêncio profundo me envolveu em poucos instantes.

Percebi que as pessoas que entravam e saiam, procuravam ter um momento com Deus antes de seguirem para o trabalho. Dentre essas pessoas, um jovem ajoelhado e de braços erguidos alguns bancos à minha frente, me chamou a atenção; Em meio às lágrimas, falava às vezes balançando a cabeça e braços como se pedisse algo com muito fervor. Observando de longe lembrei de Ana, quando no templo falava com Deus expondo a angústia da sua alma, foi tida e repreendida equivocadamente como bêbada nas primeiras horas da manhã pelo sacerdote Eli.

Não cometi o mesmo equívoco do sacertode enquanto observava aquele rapaz. Perguntava-me o que poderia se passar no coração daquele jovem que o movia a falar com Deus tão intensamente, ao mesmo tempo em que lia que a oração nos aproxima de Deus e é meio de transformação daquilo que somos; “se não quisermos ser transformados por Deus fugiremos da disciplina da oração”.

Lendo e observando as pessoas naquela igreja, resolvi falar com Deus logo depois que li, que em oração “Deus vai aonde a gente está”. Não seria necessário ler isto para crer que Deus estava ali. Mas a frase despertou meu espírito a orar a Deus naquele momento e foi um tempo de deleite como há muito não sentia.

Encontrando-Se comigo naquela manhã e daquela forma, enquanto eu observava, lia e orava, Deus com seu jeito manso e amável me falou que era preciso ter mais tempo com Ele em oração.

Levantei-me lembrando do Phillip Yancey que escreveu em um dos seus livros que podemos encontrar Deus nos lugares mais inesperados. Eu que apenas pensava em encontrar um lugar tranqüilo para ler naquela manhã percebi que a oração ainda é um terreno que precisa ser mais explorado por mim.

Gaf's Pastorais 2 (O Casamento do Século)

Esta história é uma das mais hilárias que já ouvi sobre gaf's, micos, o que seja para definir esta trapalhada... Ela envolve dois pastores conhecidos meus que terão agora seus "milagres" revelados, mas os nomes dos "santos" serão preservados. Confesso que gostaria de ter visto com meus próprios olhos isso que vou descrever aqui. Quando ouvi esta 'gaf' logo me lembrei das antigas esquetes nos programas dos "Os Trapalhões".

Pois bem, tudo se passa num casamento. Igreja bonita, pessoas bem vestidas, arranjos muito bem feitos e a música começa indicando que os pastores poderiam entrar. Tudo parecia acontecer normalmente, mais uma cerimônia de casamento na vida de um pastor; Tudo parecia, se um dos pastores não tivesse derrubado logo de entrada, um belo e grande arranjo fazendo um barulho daqueles, chamando a atenção de todos os convidados... Este bendito colega, querendo livrar-se dos olhares das pessoas, movido pela vergonha e constrangimento daquela cena não hesitou em apagar a cena do "crime" tentando afastar o arranjo com o pé para trás de uma mesa, como se ninguém estivesse vendo aquela cena vexatória...


O protocolo da cerimônia não foi afetado em nada por conta de um arranjo derrubado ao chão num casamento cheio de pompas fazendo um estardalhaço daqueles; Entraram o noivo, as testemunhas do casal, os pais e aquelas crianças que todos acham umas fofuras trazendo as alianças; Tudo estaria acontecendo normalmente se não fosse o esquecimento do pastor, daquele mesmo que derrubou o arranjo logo no começo, trocando os nomes do casal durante toda a mensagem até a hora das alianças, chamando 'Carlos' de 'Roberto' e 'Marta' de 'Rosa' correndo o risco de casar pessoas diferentes se não fosse o aviso baixinho da noiva em risos ao outro pastor que iria fazer a cerimônia das alianças.


Nomes corrigidos a tempo, votos feitos e alianças nas devidas mãos e emoção no ar, restava apenas aos noivos assinarem a ata daquela cerimônia religiosa com efeito civil. O livro de atas estava colocado no púlpito que se posicionava ao lado direito do casal e eles foram assiná-lo. O segundo Pastor os acompanha e tinha agora a chance de terminar aquela cerimônia fazendo com que os convidados esqueceçem os acidentes anteriores. Como disse: ele tinha a chance...


Colocando-se atrás do púlpito não percebeu que havia uma caixa de som retorno (caixa de som menor que serve de retorno de voz a quem fala daquele local), que estava muito próxima a ele e descuidando-se ao dar um pequeno passo para trás, tropeçou de costas caindo por cima daquela caixa de som quase quebrando a coluna (kkkkkkkkkkkk....)

Numa fração de segundos levantou-se como se fosse o 'homem elástico' o que provocou um riso incontrolável da noiva que nem conseguia assinar o livro direito.

Escrevendo esta 'gaf' me vieram algumas perguntas:
Será que tudo isto saiu na gravação? Nossa...
Quem disse que a atenção no casamento está apenas voltada para a noiva? rsss...
Até a próxima 'gaf'.

Gaf’s Pastorais 1(O Peso da Mão de “Deus”)

Começa agora uma série de textos sobre “Gaf’s Pastorais” que aconteceram comigo ou com colegas pastores no exercício de seus ministérios. Gostaria de deixar claro que todas elas são verídicas apesar do caráter inimaginável de algumas. Para inaugurar esta série sobre gaf’s, vocês saberão o “santo” e seu “milagre”, que é este quem vos escreve. Caramba... rsss. Vamos lá!

Trata-se de um sôco que dei bem no meio da testa de um irmão, sem querer é claro, quando fui pregar no aniversário de uma igreja numa pequena cidade do interior do Ceará, chamada de Várzea Alegre. Na ocasião eu falava sobre a bênção de ser disciplinado por Deus. Pois quando Deus nos disciplina é sinal que não somos bastardos e sim, filhos legítimos. Deus disciplina a quem ama. É assim que nos diz o Escritor da carta aos Hebreus no capítulo 12:5-13.

Depois de expor o texto e convidar as pessoas que aceitassem a disciplina de Deus em seus corações que é o seu ensino, correção e orientação que às vezes pode ser mais dura, convidei as pessoas que viessem à frente para orarmos e reafirmarmos nossa filiação e consagrarmos nossas vidas a Deus naquela noite. Algumas pessoas atenderam ao meu chamado e vieram à frente e eu resolvi descer da plataforma para estar perto e orar com elas. Minha decisão de descer foi posterior a chegada das pessoas que se posicionaram entre o púlpito e a mesa da eucaristia daquela igreja.

Quando desci percebi que não havia tanto espaço assim, mas me posicionei em frente àqueles irmãos e comecei a orar. Me empolguei com a iniciativa corajosa daquelas pessoas e com a minha oração a ponto de fazer movimentos fortes com a minha direita para frente,como se esmurrasse o ar, parecia um pastor da Universal...

Dentre as pessoas que estavam ali na frente posicionadas estava um irmão quebrantado pela mensagem e com a cabeça inclinada para frente, enquanto eu orava com toda força, nas palavras e no braço... Imaginem a cena... kkkkkkkk. É sério gente, quando me toquei do que havia acontecido já era tarde demais. Enquanto eu orava percebi que tinha dado um sôco com a mão fechada bem no meio da testa daquele irmão. Agora foi um sôco denso e pesado mesmo. Não tinha como pedir desculpas naquela ora, eu ainda estava orando...

Depois da oração eu e o meu amigo, pastor daquela igreja, nos dirigimos à porta para cumprimentar as pessoas até que chegou a vez daquele irmão, vítima da minha “violência”. Com os olhos marejados, me abraçou forte e disse: “Pastor, hoje Deus me disciplinou mesmo!”. Não tive outra coisa a dizer se não: Amém meu irmão!

Santa Folia... Bom Seria...




A terra do frevo está fervendo desde a segunda semana de janeiro. O trânsito está 'louco', a cidade está repleta, e pessoas de todos os tipos e lugares resolveram se encontrar em Olinda e Recife durante o carnaval. 'Gringos' de todas nacionalidades irão esticar a temporada até os primeiros dias de março misturando-se aos pernambucanos. O carnaval deste ano parece mais popular que nunca. Aqui não tem abadá. Todos têm acesso aos grandes show's e de graça.

Eu que sempre estive envolvido em acampamentos de igreja durante este período de festa popular terminei ficando em Olinda mesmo. Poucas vezes isso aconteceu comigo mas tem sido um tempo interessante para estar com novas pessoas ou sozinho, assistir filmes com alguns amigos ou ler e meditar sobre a vida em minha casa.

O carnaval como expressão cultural e popular é uma das mais lindas no meu estado. Um colorido fantástico, a espontaneidade das pessoas à flor da pele, as fantasias engraçadas, foi o que percebi ontem voltando para casa pelas ruas de Recife e Olinda. Ontem (sábado) o Galo da Madrugada (o maior bloco carnavalesco do mundo) foi às ruas do centro da cidade do Recife, arrebanhando uma multidão de pessoas debaixo de um sol causticante. Observei alguns 'flash's' pela televisão, pois não obstante gostar da beleza e diversidade cultural desta época, confesso que não teria coragem de sair frevando no meio daquela multidão. Sou folião da apreciação, vibro com toda a diversidade cultural do meu Chão, mas cair no frevo, só na imaginação rsrsrsrs...

O carnaval é uma festa bonita. Todos os povos têm suas festas populares. Mas sobre o carnaval parece pesar "um ar" de "pecado", "carnalidade", "promiscuidade" e eu não estou aqui para provar o contrário, todos nós sabemos que existem muitas coisas exageradas realizadas por pessoas neste período que não são lícitas. Mas o fato é que a festa carnaval nunca foi sempre assim como está. Ainda existem lugares onde foliões brincam sem maldade e sensualidade com seus familiares da melhor maneira possível curtindo este período como uma verdadeira celebração.

Entendo que a proposta do evangelho não é acabar com as festas, mas sim, que elas reproduzam e exalem cheiros e valores cristãos de um bom viver, capaz de dar ao ser humano satisfação não somente espiritual/religiosa, mas emocional, relacional e cultural. Afinal de contas, necessitamos das outras áreas que compõem a existência humana, gerando vida e identidade com o nosso tempo e espaço.

Nesse período de carnaval as opiniões se dividem entre os cristãos evangélicos: Uns preferem sair para seus retiros espirituais, o que já criou um mercado rentável para os donos de hotéis, fazendas e Chácaras. Como também existem àqueles grupos que resolvem evangelizar entre os foliões com peças teatrais, grupos de dança e abordagens pessoais. Existem ainda àqueles que também preferem "se retirar" em suas próprias casas e fazerem boas leituras, descansar ou talvez ver bons filmes.

Eu não tenho nenhuma posição contrária às três opções acima. Mas sou contra sim, àqueles que saem para os seus retiros achando que os que ficam para evangelizar, "ficam por um pretexto de aproveitarem a festa para darem lugar à carne". Isto é um verdadeiro absurdo pensar desse jeito, mas infelizmente existem pessoas que pensam deste jeito. Que pena.

Sou contra àqueles que ficam para evangelizar mas, criticam os que saem para os retiros classificando-os de "descomprometidos", "sem visão missionária", "sem paixão pelas almas", como se estivessem 'fugindo' do imperativo "ide" de Cristo. É um exagero pensar assim, mas infelizmente, existem os que pensam desta maneira. Que julgam de forma negativa a espiritualidade do outro, porque durante o carnaval, como se não houvesse outro tempo para falar de Jesus, alguns resolveram acampar ou descansar.

É uma pena que a relação entre cultura e espiritualidade seja algo ainda tão frágil entre nós, cristãos evangélicos. Que bom seria se a gente pudesse falar de Jesus sem vivermos em crise com a nossa cultura, com o nosso 'jeitão' de ser brasileiro, de ser pernambucano e com as nossas festas sem peso de culpa infernal. Bom seria que a nossa busca espiritual pudesse nos humanizar mais, a fim de vivermos de maneira mais integral e integrada como o mundo e com as coisas que Deus criou. E isto está longe de ser mundanismo ou secularismo, mas liberdade cristã, que permite experienciar todas as coisas e retêr as que são boas.

Que bom seria se pudéssemos fazer santas folias, porque tudo o que fizermos ou viermos a fazer, deve ser para Glória de Deus.