Com Gosto de Sangue na Boca

Faz tempo que não posto nada por aqui. Isto não quer dizer que eu não esteja escrevendo, mas aprendi que escrever é uma exposição da alma. E existem situações em que as minhas palavras se tornam muito "hemorrágicas", muito intensas, fortes, gerando um resultado final na mente das pessoas que não era a minha intenção inicial. Coisas da liberdade de interpretação que a palavra promove dentro de cada um, fazendo-nos sentir e interpretar de acordo com o nosso momento existencial.


Postei dias atrás e depois retirei um texto sobre a tristeza que estava sentindo e não esperava despertar a piedade das pessoas sobre mim, apenas precisava expor o meu momento, aquele momento; sem deixar de crer que "o choro pode durar uma noite, mas a alegria vêm pela manhã" - (Bíblia Sagrada), sem que necessariamente a idéia cronológica esteja atrelada a esta expectativa.
Mas enfim, o texto criou asas e como não queria ser autopiedoso resolvi tirá-lo. Acho que esta decisão de "despostá-lo", psicologicamente me foi útil, simbolizou a minha resistência o que na Psicologia chamamos de Resiliência e talvez volte a postar aquele texto mais uma vez...


A grande verdade é que não podemos escrever sobre tudo o que sentimos. Aquele que escreve precisa também guardar-se, preservar sua intimidade, se isto é possível no momento em que se escreve. Pelo menos quem usa as palavras sou eu, e há muitos 'enigmas' nos meus textos que jamais serão revelados se não por mim mesmo, mas com o intuito de auto-preservação minhas palavras podem ser poetizadas, teatralizadas. Liberdade de qualquer autor, da sua intenção.


Quando as minhas palavras estão com 'gosto de sangue na boca' (expressão muito usada no nordeste para expressar o desejo de falar ferozmente e colocar tudo pra fora usando as palavras), prefiro esperar as minhas inquietudes se acalmarem para só então escrevê-las com maior controle e sensatez, porque palavras ditas ou escritas uma vez expostas, jamais voltam atrás.


Estou cheio de pensamentos, idéias, gritos, desaforos a dizer, desejos e intenções contidas que ainda não podem ser revelados em minhas palavras. Os psicanalístas de plantão certamente me chamariam de um "pobre escritor reprimido", mas nem mesmo o próprio Freud entendia a repressão em si como um mal. Existem coisas que realmente em nós (Ego), precisam ser reprimidas (superego) se não poderão nos trazer 'incômodos'. É por isso que prefiro a Gestalt ou as correntes fenomenológicas existenciais que propõem a liberdade com responsabilidade.


De maneira nenhuma o deixar de escrever 'com gosto de sangue na boca' me dói porque a liberdade está em minha consciência e escrevo aquilo que estou afim. Escrever é para mim um ato de liberdade e por isso não me torno 'refém' dos que me lêem e me interpretam, e sim das minhas próprias idéias e pensamentos.
Nestes últimos dias a minha mente está em verdadeira tempestade de palavras e virão pela frente alguns textos que sentirei muito prazer em expor a você que ler o meu blog. Textos livres, alforriados por mim mesmo e que tomarão caminhos os mais inesperados.


Vejam só, neste momento em que escrevo tão livre e teatralizadamente sou 'cobrado' a pensar como vou terminar este texto, com que final legal posso encerrar estas palavras... Não existe final legal nenhum quando a fome bate.... kkkkkkk! Abraham Maslow está certíssimo em sua teoria das hierarquias das necessidades humanas ao dizer que a fome é a primeira delas. Vou almoçar e até mais. Obrigado por ler este texto e interpréte-o como quiser você é livre para isto.