Dicas Experimentais para 2009

Mais um ano se encerra e em meio aos fogos de artifício e as luzes do natal que ainda resistem, em muitos corações a artificialidade do sorriso parece esconder um ar de tristeza revelada no olhar por conta das perdas, frustrações e decepções acumuladas no ano de 2008.

A festa esperada em todos os lugares do mundo parece dar a sensação de que um novo tempo estará começando do zero, da zero hora e que tudo o que aconteceu desapareceu. Psicologicamente esta disposição pode gerar alívio e até catarse, mas a grande realidade é que o tempo não pára, o tempo continua e a vida vai seguindo o seu curso, o seu compasso e desdobramentos. Mas além da cronologia, penso que a grande questão é como continuaremos a nossa caminhada nesse novo espaço de tempo que nos permitimos viver?

Pensando nisto e desejando felizes dias para frente, que resolvi escrever algumas dicas importantes para mim e que gostaria de compartilhá-las com vocês que me lêem. Não se trata de receita de auto-ajuda e nem ‘conselhos’ como os dos “visionários” de plantão para um bom começo de ano como vemos nos programas de televisão. São apenas dicas pessoais que poderão ser assimiladas por você ou não neste último texto de 2008. São experiências e objetivos que conquistei e /ou persigo na tentativa de cada dia que eu viva seja rico de significados.


1ª - EVITE O PERFECCIONISMO PARANÓICO
A cobrança excessiva sobre si mesmo traz conseqüências terríveis à nossa alma. A idéia fixa que alguns alimentam de serem perfeitos tem levado muitos à paranóia. Gente que acha que não pode errar ou não admite o erro. Toda idéia perfeccionista é fruto de uma concepção de vida regada de expectativas idealísticas. As expectativas ideais denunciam a falta de habilidade de conviver com o real. Na vida real existem dores, dissabores, alegrias e tristezas, temores, encontros e desencontros, erros e acertos em busca de uma melhoria. Não tem como a vida ser diferente. Continue aprendendo com os seus próprios erros e não se cobre tanto.

2ª - SEJA PACIENTE
Vivemos num tempo das coisas apressadas: Fast-Food para não termos que esperar tanto; Controle remoto para mudar os canais desesperadamente; Dos aceleradores de maturação e crescimento de animais e vegetais para atender as demandas de comércio. Transferimos toda esta bagagem para a vida e no mundo das coisas apressadas agonizamos com a idéia de processo/espera. Todo processo tem seu tempo, e cada processo requer uma espera. Desaprendemos a esperar. E isto tem nos levado a tomar decisões precipitadas e viver situações sem significado. Compelidos pelo saciar do desejo agora, perdemos de desfrutar a plenitude que está mais adiante. Eu ainda preciso ser muito paciente em muitas coisas.

3ª - NÃO DESISTA APESAR DAS DIFICULDADES
Somos mais tendentes a nos apegarmos às coisas negativas que às positivas. Estão mais facilmente acessíveis em nossa memória os fatos ruins que os bons. As dificuldades são inegáveis, mas permanecer preso a elas não é uma boa escolha. Desenvolva uma atitude positiva sobre o que passou e ressignifique o seu agora, olhando para frente com esperança e coragem. Alguns abandonam seus sonhos e projetos porque se focam nas dificuldades. Talvez o caminho da sua realização pessoal não seja uma reta, como foi para outros, mas uma curva. Irá demorar mais tempo para chegar entre um ponto e outro, o seu objetivo ou sonho, mas você irá chegar. Chegue então com dignidade.

4ª - SEJA AUTÊNTICO
Penso que a compreensão mais clara de autenticidade seja a delimitação do seu espaço pessoal. Quando você é o que é realmente sem disfarce algum, não somente as pessoas te percebem melhor, mas começam a entender e respeitar quem você é. Quando somos autênticos imprimimos a nossa “marca” nas pessoas e no mundo. Toda autenticidade é aliada com a compreensão mais aprofundada de si mesmo, com a autocoerência, com a ação justificada. Ou seja, eu estou fazendo isto por conta disto. Contudo, uma das coisas mais relevantes desta atitude pessoal é a verdade. Verdade consigo, com os outros e com Deus. Ser autêntico é não ter medo de frustrar ninguém, mas é a coragem de ser simplesmente o que você é.

5ª - APRENDA A SER RESILIENTE
A capacidade de suporta grandes impactos e continuar firme, resistente é o que significa, grosso modo, ser resiliente. Digo grosso modo, porque cada um sente de um jeito diferente. O que dói em mim, não dói do mesmo jeito em outra pessoa. Neste sentido não podemos classificar dor, porque só sabe o que é dor quem a sente. Contudo a resiliência é a capacidade de no fundo do poço, podermos recuperar as forças e nos reerguermos para a vida. Os processos de sofrimento têm começo e fim, e acho até que eles precisam ser vivenciados e experimentados assim como os dias de paz e alegria, porque não há melhor professor que a dor e o sofrimento. Mas a vida continua... E como diz o velho samba: “... levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”. Uma das grandes maravilhas de estarmos vivos é esta capacidade de nos refazermos das situações que nos afligem.

Felizes dias, meses e anos para você!
Deus seja contigo...

Janelas da Alma

São os Evangelhos que melhor definem ou indicam como perceber a alma humana. Isto que parece ser tão abstrato e difícil de significação é revelado e toma "forma" nas palavras de Jesus quando diz que a alma pode ser percebida, nua e sem disfarces, através dos olhos, pois os “olhos são as janelas da alma”.

Quando olhamos alguém, de forma impressionante podemos perceber um ‘mundo’ de emoções,situações e intenções. Não é sem sentido que aqueles que sentem vergonha, que falam dissimuladamente, tendem a esconder ou desviar os seus olhos do olhar do outro.

São os olhos que expõem os sentimentos mais secretos...
O ódio, a dúvida, a preocupação, a angústia, a satisfação e a tristeza;
São os olhos que revelam as intenções...
A malícia, a traição, a surpresa, o cuidado, a empatia e a antipatia;
São os olhos que “falam” tudo quando impera o silêncio...
O medo, a mágoa, o grito sufocado, a ansiedade.

São os olhos que despertam e autorizam o romance e a paixão...
Que sinalizam a hora da aproximação, que abrem caminhos para a intimidade, porque basta olhar pra saber o que o outro quer, e até o que o outro está pensando.

São os olhos que permitem enxergar o coração...
Eles fazem transparecer o bem e o mal...
Se a tua alma for trevas, escuridão, será percebida.
Se a tua alma reluzir bondade e paz, será percebida também.
Porque assim como é a nossa alma, os nossos olhos revelarão.

Sarrabulho


Definitivamente a vida é dura! Por mais que creiamos na bondade e no amor incondicional de Deus por nós, por mais que sintamos momentos de intensa alegria e realização, parece que as coisas concorrem para o dissabor. Então, algum dia podemos sentir bater forte os solavancos da vida que nos desestabilizam as emoções, a alma, os pensamentos, o organismo, enfim, um sarrabulho de tristeza, incompreensão, intranquilidade, chateação, parece nos apanhar de surpresa arrastando tudo e nos levando até à praia.

Não sei se você já experimentou a pancada de uma onda forte fazendo de você o que bem quer, e depois ser jogado como um bêbado na areia. A sensação de “coisa ruim” talvez traduza ou trace um paralelo com a vida real quando as imprevisões e dissabores nos sobrepõem. Sabemos que iremos enfrentar algumas barras ao longo da nossa vida. O que não sabemos é como esperá-las e/ou como administrar as tensões que elas nos causam ou nos causarão.

As tensões e sensações que os sarrabulhos da existência nos causam são cruéis, porque elas nos fazem agir não pelo o que sabemos ou cremos, e sim pelo o que sentimos. Quando a gente pensa que vai agir com tranqüilidade, o desespero e o medo nos tomam; Quando achamos que vamos agir com naturalidade, nos descompassamos e o problema parece estampar o nosso rosto; Quando pensamos que as coisas iriam engrenar, tudo pára, e ficamos meio que à beira do caminho; Quando pensamos que tudo irá dar certo, dá errado, e o despertador da realidade toca nos acordando pra vida fazendo-nos perceber que a realidade é bem diferente daquilo que muitas vezes idealizamos.

Se ao ler este texto alguma onda forte te apanhou e o sarrabulho misturou as coisas por dentro, a fé foi parar nos pés, os olhos quase não abrem de tanta 'areia' e 'sal', o coração acelerou por conta do susto e da tensão; a cabeça chacoalhada dando aquela sensação de perdido... Que sarrabulho hein? Agora é administrar as tensões... Como?

Vai encontrando abrigo e tranquilidade na companhia de amigos de perto e de longe, em boas leituras, faça orações ou simplesmente escreva, porque nestas coisas a nossa espiritualidade também pode se expandir e aprofundar-se. Isso é como tentar sair da beira da praia, respirar um pouco e esperar a maré baixar. Se você nunca experimentou um sarrabulho, garanto que cansa muito. E, em pouco tempo de rebuliço, parece deixar a gente todo quebrado. Quando pequeno minha mãe já dizia: “Menino tome cuidado com o mar! Com ele não se brinca”. Ela tinha razão... No mar da vida as coisas não são fáceis.

Ainda na areia, a gente vai expelindo a água salgada pelo nariz, vai tossindo espremido tentando colocar pra fora toda a agonia e cansaço angustiado. Não há muito que fazer, depois de um "bom" sarrabulho, o jeito é esperar passar o tempo, recuperar as idéias aos poucos, e se re-fazer do solavanco. Voltar para casa’ (recuperar sua autonomia emocional, espiritual, seja o que for ), tomar um bom banho de água doce e continuar vivendo.

Alma Nua


Resolvi voltar a escrever...
Depois de algumas interrogações, pedidos e até "ordens" de amigos queridos, o que me deixou bastante orgulhoso claro; Mas, a decisão de voltar a escrever foi a mais solitária possível ao perceber que estava repleto de coisas não ditas, sufocadas e, escrever sempre foi um meio de "despir-me", desnudar a minha alma para mim mesmo. Quando escrevo consigo me enxergar de maneira mais clara, é como terapia onde o falar faz a gente se escutar e a medida que nos escutamos, nos entendemos, nos encontramos, e damos mais um passo para a liberdade, para a autonomia pessoal. Escrever para mim é realmente terapêutico. Que prazer sinto neste momento!


Escrever também tem a ver com o meu momento existencial e se deixei de escrever aqui foi porque o tal momento era para ser apenas sentido e não escrito. Quero escrever sempre por prazer, com o coração e alma e não por obrigação. Por isso a decisão de voltar a escrever veio acompanhada da mudança do nome deste blog para "Alma Nua". As minhas experiências e reflexões cada vez mais, me levam a querer falar com a 'alma' o que se traduz para mim: falar com clareza e verdade sobre as coisas que penso e sinto, com hosnestidade e, se por um acaso alguém vier a ler o que escrevi, que se sinta identificado, alma com alma.


Mas voltar a escrever tem a ver com a minha espiritualidade também. Acredito que as pessoas se sentem ligadas a Deus de várias formas. Umas pelo ativismo, outras pelo serviço ao próximo, pela vida dedicada à oração e outros pela reflexão. É assim que me sinto ligado a Deus. Escrever me faz pensar e reavaliar a minha caminhada pessoal/espiritual, minha identificação com Jesus e meu lugar no mundo; a maneira como tenho refletido o amor de Cristo às pessoas que direta ou indiretamente se relacionam comigo. Refletindo e escrevendo, me possibilita agir de modo mais coerente, com mais autenticidade; Porque Deus conheçe a minha alma, sabe quem eu sou lá por dentro, não tenho como dissimular! A minha alma tem sede de Deus...


Voltei a escrever...
E toda a vontade contida foi catalisada, ontem já nas últimas horas da noite, quando Deus falou comigo através da Betânia, uma amiga muito cara e admirável que me disse: "Volte a escrever Daniel. Eu nem sei porque estou te dizendo isto". Talvez ela não soubesse, mas naquele momento um novo caminho estava sendo aberto para que a minha espiritualidade e intimidade com Deus fosse reconectada.