Dilma Rousseff, a Primeira Presidente Mulher do Brasil

Para além de qualquer ideologia política, o que aconteceu no Brasil no primeiro dia de janeiro de 2011, foi no mínimo extraordinário! Fantástico!  A primeira mulher a ser presidente da república é um fato histórico de extrema relevância e presenciar este fato, me traz orgulho, alegria por estar participando de um capítulo de profunda mudança na história do Brasil.

A chegada da Dilma Rousseff à presidência é a demonstração clara de que nosso país tem experimentado avanços e amadurecimento político-social em sua jovem democracia. Isto me deixa feliz e esperançoso como cidadão de que poderemos viver dias e anos melhores daqui para frente sendo abalizados pela igualdade, justiça, tolerância e espírito coletivo.

Quem diria? Quem imaginaria ver uma mulher no poder ocupando o mais alto cargo desta nação? Eu que nasci nos últimos anos do período da ditadura, acompanhei o seu final e vivi a maior parte do tempo no regime democrático, consigo enxergar que este país mudou ao longo dos meus trinta e cinco anos e tem solidificado sua escolha pelo governo do povo e para o povo.

Dilma é a nossa presidente pela inquestionável escolha popular. Dilma foi eleita por um processo eleitoral transparente, sem ameaças golpistas em um caminho sem volta aos dias que tolheram a liberdade da nação por muitos anos.

Depois da eleição do Lula e dos seus oito anos de governo, fazendo valer a prerrogativa constuticional de que, qualquer cidadão pode-se candidatar a um cargo eletivo, o antigo presidente, autêntico homem do povo, operário, líder sindicalista entrou para história como um dos maiores, se não o maior líder político do Brasil. Um homem carismático, que não perdeu o “jeitão” de ser por estar na presidência, quebrou protocolos e passa a faixa para a nova presidente com 83% de aceitação da população brasileira, índice “nunca antes na história deste país...” alcançado por nenhum outro presidente.

Dilma traz consigo mais nove mulheres para compor o seu quadro de ministros. Certamente este é um novo tempo no cenário político deste país. Além da eficiência, espero que a sensibilidade natural das mulheres possa fazer a grande diferença nas decisões e gestão do Brasil. Apesar de não colocar a “mão no fogo” pelo PT, acredito na capacidade e comprometimento cívico da nova presidente desejando que ela alcance as metas estabelecidas para a educação, saúde, erradicação da pobreza e segurança pública em seu governo.

O Brasil está mudando. Os avanços econômicos e sociais experimentados durante estes oito anos de governo Lula não foram suficientes para mudar a realidade deste país e de muitos brasileiros, mas inquestionavelmente, tivemos avanços significativos na distribuição de renda, na educação e a economia alanvancou o surgimento de novas oportunidades de emprego. Certamente que o tempo de governo da presidente Dilma também não será suficiente para reparar o abandono e falta de vontade política históricos de uma classe de políticos que o povo tem aprendido a não mais eleger.

Espero que mais e maiores mudanças estruturais aconteçam e alcancem mais brasileiros. Que o desenvolvimento econômico não ofusque o investimento social. Que a ética não seja uma opção, mas, um valor inegociável. 

Espero que a presidente Dilma escreva a sua história com dignidade, honradez e sabedoria. Que cada um de nós cidadãos sejamos protagonistas neste novo capítulo da história do Brasil. Que para além da ideologia política, nosso desejo e contribuição seja para o crescimento e fortalecimento do nosso país. 

Viva o Brasil!!!


Ressignificando...

Quase perto do final de 2010 consigo retomar o caminho para o meu blog, tentando lembrar de uma "bendita" senha, mas, mesmo sem ela, este não foi um ano de muita inspiração. Ou melhor, inspiração até que tive, faltou mesmo vontade tempo/prioridade para escrever. Me senti sem diposição, cansado física e mentalmente por conta da loucura de conciliar trabalho, estudos, estágios, aulas, entre outras coisas.

O corre-corre a que nos disposmos viver nos engole a vida e quando nos damos conta disto, e infelizmente só nos damos conta, quando o risco de um "curto-circuito" existencial iminente, parece indicar que o nosso "sistema" vai pifar, e certamente algum "ponto" acabará queimando e não funcionando mais.

Isto é terrível. Mas a gente só pensa em parar pra consertar algumas coisas em nós mesmos quando a "catinga" de coisa queimando faz-se sentir mais forte. Vamos vivendo automaticamente neste tempo, achando que com simples "cliks" em nosso controle remoto, iremos mudar os canais da nossa vida que não nos agradam tanto. A vida urbana e sua filosofia utilitarista vai consumindo a gente encerrando-nos na ilusão medonha de que , tendo correria e algum dinheiro a vida tá boa, apesar de toda bagunça e confusão interna.

Mas a vida nos dá uma chance. Em meio a este deserto em sequidão de plenitude, a gente encontra um oásis e tem a possibilidade de se refrescar, parar um pouco, ou seja, podemos ressignificar a vida, mesmo que sejamos forçados pelas próprias circunstâncias.

Há mais de dois meses este tempo chegou para mim. Precisava fazer algumas ressignificações sobre a minha vida ou sobre as coisas que fazem parte dela. Ressignificar meu trabalho, minha relação com Deus, meus sentimentos afetivos, minhas relações de amizade e familiares. Tudo isto, inevitavelmente me faz pensar ou me desinstala da minha posição no mundo, aqui e agora, e me move para um lugar que ainda não sei. Mas, é necessária esta mobilidade desorganizadora que começa por dentro e tem reflexos fora de mim, que se expande em espaços, em pessoas e parece fazer da minha vida algo instigante de correr atrás e vivenciar tudo ou quase tudo como se fosse novo.

Entendo que se dar às ressignificações seja uma atitude não somente necessária, mas vital, porque algumas coisas que iremos realizar poderão até ser novas ou inéditas, porém, na maioria das vezes, o que ressignificamos continuará a fazer parte da nossa vida por muitos anos, porque fazem parte da rotina que se estabeleceu ou optamos para nossa vida. Mesmo sendo ressignificações sobre questões que nós mesmos escolhemos, elas se fazem necessárias porque as vivências nos transformam mesmo que não percebamos, o que é mais comum, por isso a rotina, por vezes nos coloca na encruzilhada da vida.

A rotina só se torna um "saco" quando não nos dispomos corajosamente a repensá-la e encontrar um novo sentido para. A rotina poderá ser nossa "aliada" para os momentos de "refúgio secreto", mas sacana, nos embreagando nas muitas atividades que assumimos, pois assim, fica mais fácil encontrar desculpas para não enfrentarmos a nossa realidade caótica. As muitas tarefas em nossa louca rotina tornam-se uma de rota de fuga, escapismo ou válvula de panela de pressão.

Na intenção de compartilhar algumas das minhas ressignificações é que, antes deste ano de 2010 acabar, tão "cheio de coisas", é que resolvi escrever algumas linhas sobre algumas áreas da minha vida que envolvem afetividade, espiritualidade e trabalho.

Relacionamento Afetivo
Discutir a relação, a famosa DR parece ser uma questão tão óbvia e natural dentro de uma relação a dois, mas, quando você se relaciona com uma pessoa dentro e fora do seu ambiente de trabalho, tudo o que parece ser simples muda de cenário e toda a paixão, tesão, respeito, admiração, isenção e demais "ãos", "ões", parecem ficar em suspenso. O risco de tudo se confundir é muito grande. Me relacionei com uma pessoa maravilhosa e especial. Mas viver esta relação afetiva no ambiente de trabalho e fazê-la permanecer saudável, ainda mais quando o trabalho exige de você resultados de alta perfomance, é um grande desafio e poucos conseguem esta proeza e eu não fui um destes que heroicamente conseguiram. Na realidade minha relação foi e veio algumas vezes neste ano por algumas razões que não são razoáveis comentar aqui, mas, separar o que é de fora e o que é de dentro do trabalho é muito complicado e talvez impossível. Ou seja, a gente faz o que consegue. Algumas vezes ou na maioria das vezes não consegui. O rompimento era quase inevitável. Às vezes o rompimento permiti-nos reorganizar as ideias e algumas ideias já organizadas foram estas:

a) Se eu pudesse escolher mudar de trabalho para poder dar uma chance ao meu relacionamento, teria feito isto. Talvez tivesse evitado os desgastes de alguns momentos. Mas como os desejos não se concretizam de maneira tão fácil, ainda mais quando falamos de mercado de trabalho, precisei exercitar a tranquilidade, a serenidade em meio ao estresse, o silêncio algumas vezes, o afastamento intencional, mas como falei, é inevitavelmente difícil de separar o que é de dentro e o que é de fora vendo a outra pessoa todos os dias, mesa com mesa; O jeito é tentar enxergar alguma poesia em meio a confusão sem muita culpa ou desculpas.

b) O amor ou toda relação necessita experimentar a ausência. A falta, a não presença é que mantém o encantamento. A ausência cria o espaço e lugar para a saudade. O espaço para a saudade é fundamental para a continuidade da admiração, do desejo. O Afastamento é importante para a vida a dois. Estar perto é bom, mas tudo o que é demais até para o amor, é ruim! Se ver todos os dias ou fazer as mesmas coisas todos os dias pode confundir o senso de singularidade, de autonomia. Para a liga do amor, a autonomia é um ingrediente indispensável.

Relacionamento com Deus (Espiritualidade)
O meu ponto de partida e chegada quando falo de espiritualidade é a concepção cristã. Acredito no evangelho de Jesus Cristo como o cessar de toda a busca humana por sentido na vida. O senso religioso ou a inclinação para crer, que está em todo ser humano, até naqueles que se dizem ateus, só encontra satisfação plena, na minha opinião, em Jesus. Desde os meus 15 para 16 anos que me identifico como cristão e ainda hoje com meus 35 anos esta é uma afirmação real. O ano de 2010 foi o tempo ou tem sido ainda o tempo de repensar o viver em comunidade, servir e viver o evangelho e sobre estas coisas as minhas ressignificações foram:

a) O bem que a comunidade nos faz, não é que nela encontraremos pessoas que nos influenciarão a sermos perfeitos. Que no contato com elas nos irradiaremos de "fluídos" de uma energia transformadora. Mas, o contato com pessoas que se enxergam em suas limitações e imperfeições nos proporciona uma "sala espelhada". Ao me perceber como gente, percebo o outro como igual e neste fluxo de imperfeições percebidas e reconhecidas, a nossa identidade como ser humano /cristão se evidencia, é fortalecida para que em nossa fraqueza a nossa dependência do outro e de Deus seja a única alternativa e via de acesso ao amor fraternal e à tolerância.

b) Viver em comunidade é um exercício contrário à minha natureza humana. Não foi sem sentido que Jesus promoveu a "eclesia". É em comunidade que nos conhecemos melhor e os outros percebem as nossas qualidades e imperfeições. Todas às vezes que não quero viver em comunidade é porque estou relutante em afirmar para mim mesmo aquilo que precisa ser encarado de frente em busca de uma mudança. Todas às vezes que repulso a vida em comunhão é porque há deleite na minha arrogância achando que estou com a razão. Convivendo com meus amigos e irmãos, mesmo que eles não me digam nada objetivamente, nas conversas e encontros simples com eles sou abençoado e me ensinam o caminho do reencontro com Deus e comigo mesmo.


Trabalho/Vida Profissional
Trabalhar é uma bênção! Adoro o que faço! Mas quando a nossa atividade profissional toma o espaço da vida é porque alguma coisa está errada, na maioria das vezes com a nossa vida mesmo e não com o trabalho. O que pode ser entendido como bênção, ganha ares de maldição porque pode-se tornar também como fuga para nossa desorganização interna. O trabalho é para vida e não a vida para o trabalho. No mundo competitivo que vivemos falar desta maneira parece um absurdo, mas não é! Não vale a pena perder a vida pelo trabalho. Falo por minhas ressignificações. Há quem não concorde, mas ressignificando esta área da minha vida cheguei à algumas conclusões:

a) Não posso deixar que o trabalho me qualifique como pessoa. Certamente algumas pessoas farão ou terão impressões sobre você a partir das suas realizações profissionais, e estas são inevitáveis até certo ponto. Contudo nao quero imprimir a minha marca de competência, eficiência e habilidade deixando inebriado o que de fato sou como pessoa/gente. Colocar-se enquanto pessoa em um ambiente de trabalho e ser respeitado por isto é uma das coisas mais difícies que existem, porque são nestes ambientes que temos confundida a nossa eficiência com a nossa personalidade. Se não agimos dentro do pacote de expectativas eestipulado "parece" que não estamos na mesma sintonia. Não quero perder de vista os resultados, eles são importantes dependendo da cultura da empresa. Mas jamais, os resultados determinarão o que sou como pessoa, nem para aquém, nem para além daquilo que devo ser ou que sou.


Como fruto de algumas ressignificações e mobilizado pelo desejo de continuar bem comigo mesmo, com Deus , com as pessoas que gosto e viver motivado para o trablalho tomei algumas decisões que estão me fazendo muito bem:

1- Quando tenho a opção de escolher prefiro almoçar em casa e estar mais presente na minha família;
2- Vou aproveitar minhas férias sem resolver coisas do trabalho;
3- Comprei uma bicicleta e já comecei a dar minhas pedaladas por aí, contemplando tantas coisas lindas que estavam despercebidas.
4- Vou continuar ressignificando tudo... Esta é a única maneira de encontrar sentido renovado para a rotina da vida.

Palmares na Lama e no Caos



Nesta quarta-feira (23/06/10), véspera de São João, ainda estive em Palmares pela manhã com mais duas pessoas para levar roupas, calçados, comida e principalmente água. Resultado do esforço e doação de muitos que ligaram e que nem conheço pessoalmente.

O cenário ainda é de destruição, desolação, tristeza e dor. As pessoas andavam de cabeça baixa e um clima de tensão e dúvida pairavam no ar, junto com o mau cheiro da lama espalhada por todos os lugares. Nunca vi algo parecido em toda a minha vida. As pessoas que estavam comigo hoje, Adriana Luzia e seu Pai (Sr. Deco) ficaram impressionadas, mas não tão impressionadas quanto eu Pedro e George ficamos na segunda-feira logo após a invasão das águas na cidade.

A minha sensação foi a de que uma bomba havia implodido em Palmares. O cenário era de guerra. Pessoas nas ruas sem direção, entulhos, lama, casas totalmente destruídas, postes caídos, pontes derrubadas, carros revirados e a constatação de que a violência da água foi muito maior do que os jornais divulgaram.

Somente quem vê com os próprios olhos, pode se aproximar do conteúdo emocional daquilo que tento descrever agora. Porque na verdade, não há palavras para descrever o que aconteceu ali, a não ser que o caos se estabeleceu e demorará muito tempo para que as coisas voltem ao normal.

Não há energia, não há água para beber e nem para higiene pessoal. Não há comida para a maioria da população, porque não teve como escapar desta situação e salvar algumas coisas. Os que escaparam salvaram suas vidas e ficaram apenas com a “roupa do couro”.

Não consegui dormir bem depois que voltei de lá na segunda-feira. A minha mente acelerada não me deixava parar de pensar nas imagens das pessoas saqueando lojas do comércio inteiramente destruído, catando não sei o que nos entulhos, outros lavavam comidas no chafariz da praça central, a cidade totalmente enlameada, o olhar de afliação das pessoas, e também das imagens de destruição dentro da casa da mãe do Sérgio “Boi”, para aonde fomos de maneira emergencial tentar retirar a lama e resgatar parte de seu equipamento de som totalmente coberto pelas águas e pela lama. O que vi dentro da casa foi incrível! Simplesmente inacreditável! A marca na parede indicava que a água havia chegado ao primeiro andar e na casa de sua sobrinha ao teto do primeiro andar.

Hoje apesar de toda a desorganização ainda instalada, alguns policiais tentavam organizar e controlar o trânsito e o acesso ao centro da cidade, que foi a parte mais castigada por estar junto com algumas casas mais próximas ao rio que corta a cidade. Vi alguns homens da Celpe tentando restabelecer a energia, tratores retirando parte de entulhos na tentativa de deixar menos chocante aquele cenário de destruição.

Algumas ruas estão interditadas ou por muito entulho ou porque estão trabalhando nelas. Ao ligar para o pastor Cefas, que também perdeu a sua casa e tem a estrutura de sua igreja comprometida, soube que estava em uma reunião com algumas outras lideranças religiosas, políticas e comunitárias, pensando em ações em prol da população. Que bom que pessoas começam de forma resiliente a unir as forças para superar esta tragédia. Soube que o batalhão de polícia, a faculdade e a Igreja Presbiteriana estão servindo como ponto de arrecadação e recebimento de doações.

Consegui chegar à casa da mãe do Daniel Podsck para entregar alimento, água e roupas, mas não consegui encontrar uma senhora chamada Eleonilda que está abrigada numa escola pública, mãe de um rapaz que mora em Recife chamado Arthur. No caminho antes de chegar em Palmares falei ao telefone com ela e me disse que estava precisando de um colchão, roupa de cama e de frio. Estou preocupado e triste por não poder chegar lá, pois a rua estava interditada e o acesso estava muito prejudicado. Minha esperança é que tudo o que deixamos possa chegar a ela também.

Palmares ainda precisa de muita ajuda assim como as outras cidades atingidas pela cheia em Pernambuco. As pessoas precisam da nossa ajuda! Vale à pena ir lá e levar mantimentos para os postos de recebimento de doações. Acelerar este processo de entrega e chegada destes mantimentos é importante. Vale à pena levar pás, enxadas e ajudar as pessoas a limparem suas casas, ninguém rejeitará ajuda de “estranhos” neste momento.

Vale à pena continuar as mobilizações entre amigos e vizinhos e redes sociais. Certamente a grande maioria da população continuará precisando de bastante água, comida, roupa, material de higiene pessoal e até alguns eletrodomésticos. Vale à pena arregaçar as mangas e ajudar aqueles que estenderão o “são João sem festa” por muito tempo, pois durante algumas noites estarão à beira de uma fogueira em frente às suas casas para afastar o breu inevitável, o frio e o risco de saques.

Vale à pena, aos que puderem obviamente, não acompanhar as notícias pela televisão apenas. Vale à pena marcar presença, estender a mão de fato e ser solidário neste momento.

Morrer na Causa (Homenagem a Zilda Arns)


Maior honra do que morrer por uma causa, tem aquele(a) pessoa que morre na causa, realizando-a, lutando por ela. Foi assim que soubemos da morte no Haiti da médica sanitarista e idealizadora da pastoral da criança no Brasil e fundadora de tantas outras pastorais deste tipo em outros países, Zilda Arns. Antes de todas as atribuições que esta notável mulher venha ter e receber, penso que ela deve ser lembrada como ser humano, gente cheia de amor. Pessoa que expandiu o dom de amar a tantos outros que, esquecidos e desamados pela vida, encontraram em sua ação humanitária/profissional/ministerial(serviço), esperança e alento em meio ao sofrimento.

Zilda Arns logo depois de proferir um discurso numa igreja no Haiti, conversava com alguns sacerdotes quando foram surpreendidos pelo terremoto. Segundo informações da internet, ela foi atingida na cabeça e morreu na hora, aos 75 anos de idade. Que tragédia!

Hoje, quero prestar a minha singela homenagem e solidariedade à família Arns pela vida inspiradora da mãe, avó, médica e mulher Zilda Arns que deixa um grande legado e exemplo de humanidade.

Exemplos como o da Zilda Arns, me fazem lembrar de outras pessoas que morreram na causa como a missionária Dorothy Stang, morta no Pará em 2005 aos 73 anos, com seis tiros na cabeça por revelar a injustiça contra pequenos agricultores do meio da floresta e defender a reforma agrágria em nosso País. Lembro-me de pessoas como Chico Mendes e tantos outros que anonimamente tiveram suas vidas seifadas de maneira trágica, enquanto estavam "lutando por/nas" suas causas.

Exemplos como o da Zilda Arns, me fazem lembrar de Jesus que morrendo na causa do Evangelho nos ensinou que a fé sem obras é morta. Que não basta apenas crer, mas realizar, entregar-se. A Zilda Arns encarnou o evangelho.

Quero também prestar a minha solidariedade aos haitianos já tão sofridos e castigados pela pobreza e abandono público ao longo de tantos anos. Espero que de alguma forma em meio ao caos e escombros renasçam a esperança e a força para reconstruírem a vida. Solidarizo-me às famílias de outros brasileiros militares que em missão de paz, também morreram na causa.

A todos que morreram entregando suas vidas a outras pessoas no Haiti e sobre cada família que sofre a dor da perda,desejo que descansem e encontrem a paz em seus corações.

Descanse em paz Zilda Arns!
Que maravilhoso e inspirador exemplo de vida, dedicação e amor às pessoas!
O mundo sentirá sua falta.

Dicas Experimentais para 2009

Mais um ano se encerra e em meio aos fogos de artifício e as luzes do natal que ainda resistem, em muitos corações a artificialidade do sorriso parece esconder um ar de tristeza revelada no olhar por conta das perdas, frustrações e decepções acumuladas no ano de 2008.

A festa esperada em todos os lugares do mundo parece dar a sensação de que um novo tempo estará começando do zero, da zero hora e que tudo o que aconteceu desapareceu. Psicologicamente esta disposição pode gerar alívio e até catarse, mas a grande realidade é que o tempo não pára, o tempo continua e a vida vai seguindo o seu curso, o seu compasso e desdobramentos. Mas além da cronologia, penso que a grande questão é como continuaremos a nossa caminhada nesse novo espaço de tempo que nos permitimos viver?

Pensando nisto e desejando felizes dias para frente, que resolvi escrever algumas dicas importantes para mim e que gostaria de compartilhá-las com vocês que me lêem. Não se trata de receita de auto-ajuda e nem ‘conselhos’ como os dos “visionários” de plantão para um bom começo de ano como vemos nos programas de televisão. São apenas dicas pessoais que poderão ser assimiladas por você ou não neste último texto de 2008. São experiências e objetivos que conquistei e /ou persigo na tentativa de cada dia que eu viva seja rico de significados.


1ª - EVITE O PERFECCIONISMO PARANÓICO
A cobrança excessiva sobre si mesmo traz conseqüências terríveis à nossa alma. A idéia fixa que alguns alimentam de serem perfeitos tem levado muitos à paranóia. Gente que acha que não pode errar ou não admite o erro. Toda idéia perfeccionista é fruto de uma concepção de vida regada de expectativas idealísticas. As expectativas ideais denunciam a falta de habilidade de conviver com o real. Na vida real existem dores, dissabores, alegrias e tristezas, temores, encontros e desencontros, erros e acertos em busca de uma melhoria. Não tem como a vida ser diferente. Continue aprendendo com os seus próprios erros e não se cobre tanto.

2ª - SEJA PACIENTE
Vivemos num tempo das coisas apressadas: Fast-Food para não termos que esperar tanto; Controle remoto para mudar os canais desesperadamente; Dos aceleradores de maturação e crescimento de animais e vegetais para atender as demandas de comércio. Transferimos toda esta bagagem para a vida e no mundo das coisas apressadas agonizamos com a idéia de processo/espera. Todo processo tem seu tempo, e cada processo requer uma espera. Desaprendemos a esperar. E isto tem nos levado a tomar decisões precipitadas e viver situações sem significado. Compelidos pelo saciar do desejo agora, perdemos de desfrutar a plenitude que está mais adiante. Eu ainda preciso ser muito paciente em muitas coisas.

3ª - NÃO DESISTA APESAR DAS DIFICULDADES
Somos mais tendentes a nos apegarmos às coisas negativas que às positivas. Estão mais facilmente acessíveis em nossa memória os fatos ruins que os bons. As dificuldades são inegáveis, mas permanecer preso a elas não é uma boa escolha. Desenvolva uma atitude positiva sobre o que passou e ressignifique o seu agora, olhando para frente com esperança e coragem. Alguns abandonam seus sonhos e projetos porque se focam nas dificuldades. Talvez o caminho da sua realização pessoal não seja uma reta, como foi para outros, mas uma curva. Irá demorar mais tempo para chegar entre um ponto e outro, o seu objetivo ou sonho, mas você irá chegar. Chegue então com dignidade.

4ª - SEJA AUTÊNTICO
Penso que a compreensão mais clara de autenticidade seja a delimitação do seu espaço pessoal. Quando você é o que é realmente sem disfarce algum, não somente as pessoas te percebem melhor, mas começam a entender e respeitar quem você é. Quando somos autênticos imprimimos a nossa “marca” nas pessoas e no mundo. Toda autenticidade é aliada com a compreensão mais aprofundada de si mesmo, com a autocoerência, com a ação justificada. Ou seja, eu estou fazendo isto por conta disto. Contudo, uma das coisas mais relevantes desta atitude pessoal é a verdade. Verdade consigo, com os outros e com Deus. Ser autêntico é não ter medo de frustrar ninguém, mas é a coragem de ser simplesmente o que você é.

5ª - APRENDA A SER RESILIENTE
A capacidade de suporta grandes impactos e continuar firme, resistente é o que significa, grosso modo, ser resiliente. Digo grosso modo, porque cada um sente de um jeito diferente. O que dói em mim, não dói do mesmo jeito em outra pessoa. Neste sentido não podemos classificar dor, porque só sabe o que é dor quem a sente. Contudo a resiliência é a capacidade de no fundo do poço, podermos recuperar as forças e nos reerguermos para a vida. Os processos de sofrimento têm começo e fim, e acho até que eles precisam ser vivenciados e experimentados assim como os dias de paz e alegria, porque não há melhor professor que a dor e o sofrimento. Mas a vida continua... E como diz o velho samba: “... levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”. Uma das grandes maravilhas de estarmos vivos é esta capacidade de nos refazermos das situações que nos afligem.

Felizes dias, meses e anos para você!
Deus seja contigo...

Janelas da Alma

São os Evangelhos que melhor definem ou indicam como perceber a alma humana. Isto que parece ser tão abstrato e difícil de significação é revelado e toma "forma" nas palavras de Jesus quando diz que a alma pode ser percebida, nua e sem disfarces, através dos olhos, pois os “olhos são as janelas da alma”.

Quando olhamos alguém, de forma impressionante podemos perceber um ‘mundo’ de emoções,situações e intenções. Não é sem sentido que aqueles que sentem vergonha, que falam dissimuladamente, tendem a esconder ou desviar os seus olhos do olhar do outro.

São os olhos que expõem os sentimentos mais secretos...
O ódio, a dúvida, a preocupação, a angústia, a satisfação e a tristeza;
São os olhos que revelam as intenções...
A malícia, a traição, a surpresa, o cuidado, a empatia e a antipatia;
São os olhos que “falam” tudo quando impera o silêncio...
O medo, a mágoa, o grito sufocado, a ansiedade.

São os olhos que despertam e autorizam o romance e a paixão...
Que sinalizam a hora da aproximação, que abrem caminhos para a intimidade, porque basta olhar pra saber o que o outro quer, e até o que o outro está pensando.

São os olhos que permitem enxergar o coração...
Eles fazem transparecer o bem e o mal...
Se a tua alma for trevas, escuridão, será percebida.
Se a tua alma reluzir bondade e paz, será percebida também.
Porque assim como é a nossa alma, os nossos olhos revelarão.

Sarrabulho


Definitivamente a vida é dura! Por mais que creiamos na bondade e no amor incondicional de Deus por nós, por mais que sintamos momentos de intensa alegria e realização, parece que as coisas concorrem para o dissabor. Então, algum dia podemos sentir bater forte os solavancos da vida que nos desestabilizam as emoções, a alma, os pensamentos, o organismo, enfim, um sarrabulho de tristeza, incompreensão, intranquilidade, chateação, parece nos apanhar de surpresa arrastando tudo e nos levando até à praia.

Não sei se você já experimentou a pancada de uma onda forte fazendo de você o que bem quer, e depois ser jogado como um bêbado na areia. A sensação de “coisa ruim” talvez traduza ou trace um paralelo com a vida real quando as imprevisões e dissabores nos sobrepõem. Sabemos que iremos enfrentar algumas barras ao longo da nossa vida. O que não sabemos é como esperá-las e/ou como administrar as tensões que elas nos causam ou nos causarão.

As tensões e sensações que os sarrabulhos da existência nos causam são cruéis, porque elas nos fazem agir não pelo o que sabemos ou cremos, e sim pelo o que sentimos. Quando a gente pensa que vai agir com tranqüilidade, o desespero e o medo nos tomam; Quando achamos que vamos agir com naturalidade, nos descompassamos e o problema parece estampar o nosso rosto; Quando pensamos que as coisas iriam engrenar, tudo pára, e ficamos meio que à beira do caminho; Quando pensamos que tudo irá dar certo, dá errado, e o despertador da realidade toca nos acordando pra vida fazendo-nos perceber que a realidade é bem diferente daquilo que muitas vezes idealizamos.

Se ao ler este texto alguma onda forte te apanhou e o sarrabulho misturou as coisas por dentro, a fé foi parar nos pés, os olhos quase não abrem de tanta 'areia' e 'sal', o coração acelerou por conta do susto e da tensão; a cabeça chacoalhada dando aquela sensação de perdido... Que sarrabulho hein? Agora é administrar as tensões... Como?

Vai encontrando abrigo e tranquilidade na companhia de amigos de perto e de longe, em boas leituras, faça orações ou simplesmente escreva, porque nestas coisas a nossa espiritualidade também pode se expandir e aprofundar-se. Isso é como tentar sair da beira da praia, respirar um pouco e esperar a maré baixar. Se você nunca experimentou um sarrabulho, garanto que cansa muito. E, em pouco tempo de rebuliço, parece deixar a gente todo quebrado. Quando pequeno minha mãe já dizia: “Menino tome cuidado com o mar! Com ele não se brinca”. Ela tinha razão... No mar da vida as coisas não são fáceis.

Ainda na areia, a gente vai expelindo a água salgada pelo nariz, vai tossindo espremido tentando colocar pra fora toda a agonia e cansaço angustiado. Não há muito que fazer, depois de um "bom" sarrabulho, o jeito é esperar passar o tempo, recuperar as idéias aos poucos, e se re-fazer do solavanco. Voltar para casa’ (recuperar sua autonomia emocional, espiritual, seja o que for ), tomar um bom banho de água doce e continuar vivendo.

Alma Nua


Resolvi voltar a escrever...
Depois de algumas interrogações, pedidos e até "ordens" de amigos queridos, o que me deixou bastante orgulhoso claro; Mas, a decisão de voltar a escrever foi a mais solitária possível ao perceber que estava repleto de coisas não ditas, sufocadas e, escrever sempre foi um meio de "despir-me", desnudar a minha alma para mim mesmo. Quando escrevo consigo me enxergar de maneira mais clara, é como terapia onde o falar faz a gente se escutar e a medida que nos escutamos, nos entendemos, nos encontramos, e damos mais um passo para a liberdade, para a autonomia pessoal. Escrever para mim é realmente terapêutico. Que prazer sinto neste momento!


Escrever também tem a ver com o meu momento existencial e se deixei de escrever aqui foi porque o tal momento era para ser apenas sentido e não escrito. Quero escrever sempre por prazer, com o coração e alma e não por obrigação. Por isso a decisão de voltar a escrever veio acompanhada da mudança do nome deste blog para "Alma Nua". As minhas experiências e reflexões cada vez mais, me levam a querer falar com a 'alma' o que se traduz para mim: falar com clareza e verdade sobre as coisas que penso e sinto, com hosnestidade e, se por um acaso alguém vier a ler o que escrevi, que se sinta identificado, alma com alma.


Mas voltar a escrever tem a ver com a minha espiritualidade também. Acredito que as pessoas se sentem ligadas a Deus de várias formas. Umas pelo ativismo, outras pelo serviço ao próximo, pela vida dedicada à oração e outros pela reflexão. É assim que me sinto ligado a Deus. Escrever me faz pensar e reavaliar a minha caminhada pessoal/espiritual, minha identificação com Jesus e meu lugar no mundo; a maneira como tenho refletido o amor de Cristo às pessoas que direta ou indiretamente se relacionam comigo. Refletindo e escrevendo, me possibilita agir de modo mais coerente, com mais autenticidade; Porque Deus conheçe a minha alma, sabe quem eu sou lá por dentro, não tenho como dissimular! A minha alma tem sede de Deus...


Voltei a escrever...
E toda a vontade contida foi catalisada, ontem já nas últimas horas da noite, quando Deus falou comigo através da Betânia, uma amiga muito cara e admirável que me disse: "Volte a escrever Daniel. Eu nem sei porque estou te dizendo isto". Talvez ela não soubesse, mas naquele momento um novo caminho estava sendo aberto para que a minha espiritualidade e intimidade com Deus fosse reconectada.

Aos 33 anos de idade...

No dia 09 de março completei 33 anos de idade. Chegar à idade com que Cristo morreu entregando-se por amor, negando a si mesmo, é de fato, um momento cheio de simbolismos e significados para mim. Chegar a esta marca, me deixou mais pensativo e me lancei a fazer reflexões mais profundas e honestas sem as máscaras da religiosidade sobre a minha vida e discipulado, sobre a minha fé e obediência, e sobre as minhas escolhas.

Talvez algumas declarações aqui soem estranhas ou causem algum tipo de espanto a alguns por saberem que eu sou pastor. Não me sinto mal por isto, a autenticidade tem seu preço e há muito resolvi não viver um personagem de mim mesmo atendendo expectativas de terceiros, mas somente daquele que é o Primeiro. Chegar aos 33 anos ratifica a idéia que não sou e nem pretendo ser “referencial” ou “modelo” perfeito de vida e ministério para ninguém. Não encaro a minha vida nem o ministério como carreirismo religioso e sim como descoberta e aprendizado.

Chego aos 33 anos de idade mais convencido do que nunca, da minha humanidade e conseqüentemente, da minha necessidade e dependência extrema de Deus. Sou homem antes de ser pastor. E como homem comum sei dos meus acertos e pecados; Na memória as vitórias e os fracassos; Sei da minha força e fraquezas... Chego aos 33 anos sabendo um pouco mais sobre mim mesmo.

Neste tempo da minha vida tenho consciência profunda da minha vocação pastoral e psicológica. Estou mais certo que preciso estar entre as pessoas, servi-las, compreendê-las e ser solidário. Contudo, os anos me forjaram a consciência para saber que estar e me envolver com as pessoas me sujeita passiva e ativamente a todos os contrastes, imprevisões e mutações que envolvem o “jogo” das relações humanas.

Até chegar aos meus 33 anos já sorri e chorei; Amei e fui amado assim como odiei e fui odiado; Feri e fui ferido assim como decepcionei e fui decepcionado; Ajudei, mas, fui mais ajudado; Magoei alguns e fui magoado por outros; Perdoei e fui perdoado. Acho que ainda preciso pedir perdão e perdoar a alguns, mas não sei como e quando isto acontecerá.
Existem algumas situações que não adianta remexer...

Chego aos 33 anos de idade sabendo mais sobre o que não quero, do que sobre as coisas que eu quero. O que “eu quero” está refém do futuro e sujeito a situações que não poderei controlar. Das coisas que experimentei, posso falar o que foi bom e o que foi ruim. E apesar dos pesares, as experiências ruins não me tiraram a capacidade de sonhar, desejar e acreditar principalmente no amor mesmo colecionando algumas frustrações.

Nos meus 33 anos como homem não quero ser um religioso, mas, um discípulo; Não quero servir à Instituição Igreja, mas ao Reino de Deus e às pessoas sem perder a minha identidade cultural, teológica e a liberdade de ser e pensar, minha identidade pessoal. Ainda quero casar, mas não quero uma mulher que viva à sombra do que eu sou.
Não quero ser ingrato com minha família e amigos; Quero ser grato a Deus, pois até aqui cuidou de mim dando-me Nova Vida, novas chances e renovou Sua graça.

Aos 33 anos, meu desejo como pastor é continuar a ser gente.

Observando, Lendo e Orando.

Semana passada após deixar meu pai no médico, logo cedo pela manhã, caminhei à procura de um lugar tranqüilo no centro da cidade aonde pudesse continuar a leitura de um livro que me dispus a passar suas páginas sem pressa, pois aprendi tempos atrás com o Rubem Alves, que os ‘livros devem ser ‘ruminados’; Lidos e digeridos, assim como uma vaca faz ao engolir uma manga.

Ao passar em frente à Igreja do Santíssimo Sacramento, no cruzamento das ruas Manoel Borba com a do Hospício, achei que ali encontraria tempo e ambiente para ler até o momento de reencontrar meu pai.

Logo que entrei procurei por um lugar reservado nas últimas fileiras. Num rápido olhar sobre o local, percebi algumas pessoas sentadas e outras ajoelhadas em devoção. A Igreja era imensa e poucas pessoas estavam ali àquela hora da manhã. Um silêncio profundo me envolveu em poucos instantes.

Percebi que as pessoas que entravam e saiam, procuravam ter um momento com Deus antes de seguirem para o trabalho. Dentre essas pessoas, um jovem ajoelhado e de braços erguidos alguns bancos à minha frente, me chamou a atenção; Em meio às lágrimas, falava às vezes balançando a cabeça e braços como se pedisse algo com muito fervor. Observando de longe lembrei de Ana, quando no templo falava com Deus expondo a angústia da sua alma, foi tida e repreendida equivocadamente como bêbada nas primeiras horas da manhã pelo sacerdote Eli.

Não cometi o mesmo equívoco do sacertode enquanto observava aquele rapaz. Perguntava-me o que poderia se passar no coração daquele jovem que o movia a falar com Deus tão intensamente, ao mesmo tempo em que lia que a oração nos aproxima de Deus e é meio de transformação daquilo que somos; “se não quisermos ser transformados por Deus fugiremos da disciplina da oração”.

Lendo e observando as pessoas naquela igreja, resolvi falar com Deus logo depois que li, que em oração “Deus vai aonde a gente está”. Não seria necessário ler isto para crer que Deus estava ali. Mas a frase despertou meu espírito a orar a Deus naquele momento e foi um tempo de deleite como há muito não sentia.

Encontrando-Se comigo naquela manhã e daquela forma, enquanto eu observava, lia e orava, Deus com seu jeito manso e amável me falou que era preciso ter mais tempo com Ele em oração.

Levantei-me lembrando do Phillip Yancey que escreveu em um dos seus livros que podemos encontrar Deus nos lugares mais inesperados. Eu que apenas pensava em encontrar um lugar tranqüilo para ler naquela manhã percebi que a oração ainda é um terreno que precisa ser mais explorado por mim.

Gaf's Pastorais 2 (O Casamento do Século)

Esta história é uma das mais hilárias que já ouvi sobre gaf's, micos, o que seja para definir esta trapalhada... Ela envolve dois pastores conhecidos meus que terão agora seus "milagres" revelados, mas os nomes dos "santos" serão preservados. Confesso que gostaria de ter visto com meus próprios olhos isso que vou descrever aqui. Quando ouvi esta 'gaf' logo me lembrei das antigas esquetes nos programas dos "Os Trapalhões".

Pois bem, tudo se passa num casamento. Igreja bonita, pessoas bem vestidas, arranjos muito bem feitos e a música começa indicando que os pastores poderiam entrar. Tudo parecia acontecer normalmente, mais uma cerimônia de casamento na vida de um pastor; Tudo parecia, se um dos pastores não tivesse derrubado logo de entrada, um belo e grande arranjo fazendo um barulho daqueles, chamando a atenção de todos os convidados... Este bendito colega, querendo livrar-se dos olhares das pessoas, movido pela vergonha e constrangimento daquela cena não hesitou em apagar a cena do "crime" tentando afastar o arranjo com o pé para trás de uma mesa, como se ninguém estivesse vendo aquela cena vexatória...


O protocolo da cerimônia não foi afetado em nada por conta de um arranjo derrubado ao chão num casamento cheio de pompas fazendo um estardalhaço daqueles; Entraram o noivo, as testemunhas do casal, os pais e aquelas crianças que todos acham umas fofuras trazendo as alianças; Tudo estaria acontecendo normalmente se não fosse o esquecimento do pastor, daquele mesmo que derrubou o arranjo logo no começo, trocando os nomes do casal durante toda a mensagem até a hora das alianças, chamando 'Carlos' de 'Roberto' e 'Marta' de 'Rosa' correndo o risco de casar pessoas diferentes se não fosse o aviso baixinho da noiva em risos ao outro pastor que iria fazer a cerimônia das alianças.


Nomes corrigidos a tempo, votos feitos e alianças nas devidas mãos e emoção no ar, restava apenas aos noivos assinarem a ata daquela cerimônia religiosa com efeito civil. O livro de atas estava colocado no púlpito que se posicionava ao lado direito do casal e eles foram assiná-lo. O segundo Pastor os acompanha e tinha agora a chance de terminar aquela cerimônia fazendo com que os convidados esqueceçem os acidentes anteriores. Como disse: ele tinha a chance...


Colocando-se atrás do púlpito não percebeu que havia uma caixa de som retorno (caixa de som menor que serve de retorno de voz a quem fala daquele local), que estava muito próxima a ele e descuidando-se ao dar um pequeno passo para trás, tropeçou de costas caindo por cima daquela caixa de som quase quebrando a coluna (kkkkkkkkkkkk....)

Numa fração de segundos levantou-se como se fosse o 'homem elástico' o que provocou um riso incontrolável da noiva que nem conseguia assinar o livro direito.

Escrevendo esta 'gaf' me vieram algumas perguntas:
Será que tudo isto saiu na gravação? Nossa...
Quem disse que a atenção no casamento está apenas voltada para a noiva? rsss...
Até a próxima 'gaf'.